Ah... O amor... Momentos felizes, companhia agradável, cumplicidade. Um conto de fadas, uma versão do Papai Noel para adultos. Ok, como já deu para perceber, não sou adepto desse conceito generalizado que se há sobre "o amor".
Primeiramente, por se tratar de uma palavra banalizada. Todo mundo ama todo mundo, ou ao menos diz "te amo", o que já é meio caminho andado.
[Fulano] Me empresta dez centavos?
[Eu] Toma (coloca a mão no bolso e retira dez centavos, que é entregue ao indivíduo)
[Fulano] Valeu! Te amo!
Hoje em dia é mais barato você comprar amor do que comprar um chiclete. E o chiclete, pelo menos, vem em vários sabores.
Não há amor que dure para sempre. Aliás, não há amor para nada. O jovem de hoje olha para a vizinha e seus hormônios já dizem que é amor. A garota romântica que senta no fundão da sala, usa óculos fundo de garrafa e aparelho de dente enorme, tropeça e cai. O pobre diabo que se dispor a ajudá-la a se levantar será o primeiro amor dela, afinal, "ele é especial".
Até mesmo em alguns casos na família. Vejo amigos que só soltam um "te amo" para o pai ou para a mãe quando querem pedir alguma coisa, geralmente dinheiro. Alguns nem se dão ao trabalho, só dizem "passa a grana" e pronto.
Os jovens de hoje ficam com cinco, seis, oito pessoas em uma festa. Eles dizem que é para conhecer a pessoa, mas o que eu menos vejo nesses casos é um diálogo.
Talvez, no máximo, exista uma afinidade, algo em comum entre essas duas pessoas. Mas amor? Não, preferi deixar esse conto de fadas para meus pais, meus avós. Aliás, é interessante reparar que isso de "procurar a pessoa amada" não é tão antigo como muita gente pensa. As pessoas casavam antes por obrigação. O cara ia lá, recebia o dote e levava a esposa de brinde. Talvez nossos bisavôs ou tataravôs nem chegaram a conhecer nossa bisavó ou tataravó direito, e já se encontravam casados.
Além do mais, a maioria dos relacionamentos (isso se eu considerar que existe, em algum lugar desse mundo, um à prova de falhas) se baseia em uma mentira. A constante é que as pessoas mentem, a variável é o motivo. Seja uma traição no passado, um segredo, um elogio que você tenha feito para a roupa horrorosa que ele(a) estava usando. Sempre há mentiras em relacionamentos, talvez um "te amo" seja a menor delas.
Relacionamentos, em geral, trazem mais complicações do que vantagens. Você acaba se expondo, em maior ou menor grau, para a outra pessoa, acaba criando laços, mesmo não sendo laços afetivos. Você pode enviar bilhetinhos com mil juras de amor. Aliás, brasileiro tem essa mania ridícula de fazer promessas que sabe que nunca irá cumprir. Mas tudo bem, também sou brasileiro, também faço essas promessas uma vez ou outra.
No final dessas juras de amor, o que restam? Bingo. O romance acabou, o relacionamento acabou. É uma verdadeira disputa para ver quem fala mal de quem. Sabe aquele sexto dedo que você tem no seu pé direito e que você não contava para ninguém? Pois é, virou a nova atração do Orkut. Sabe aquela verruga que você tem perto das suas partes íntimas? É o assunto do momento na roda de amigos do seu ex. Esse é o "amor eterno" de vocês. Isso é o que sobra.
Agora eu pergunto, cadê o amor nisso? Muitos me condenam e me acham uma espécie de "robô", mas acreditem, já fui crente nessa ideologia. Mas abri meus olhos.
Muitos me chamam de "desiludido". Eu fico rindo de quem me chama assim, pois a pessoa que me chama de "desiludido" chama a si mesma de "iludida". Melhor viver em uma fantasia ou encarar os fatos? Isso vai de cada um. Eu prefiro a segunda opção. Ao ver o mundo de uma forma mais calculista, você acaba vendo os dois lados da moeda, acaba vendo que existem mal onde há o bem e que o bem nem sempre é bem para todo mundo. E que o amor nada mais é do que um alucinógeno, que é bom, vicia, é prazeroso, mas que não é real.
Amo vocês!